Pular para o conteúdo principal

Enrique Diaz em CINE MONSTRO - VERSÃO 1.0




"Cine Monstro - versão 1.0" é uma das estreias nacionais do Festival de Teatro de Curitiba, cuja programação prossegue até o dia 7. A montagem ainda não tem data para estrear em São Paulo e no Rio. Em 2009, o diretor Enrique Diaz montava pela primeira vez no Brasil um texto do canadense Daniel MacIvor, ‘It on it’. Depois disso, voltou ao autor em  ‘À Primeira Vista’ e agora escolheu uma outra peça do dramaturgo para uma empreitada solo como ator – seu primeiro monólogo. A peça é baseada em ‘Monster’, de MacIvor, e teve ontem sua estreia por aqui, numa montagem especial, ainda em processo de construção.
Annelize Tozetto / Divulgação

“Ele trabalha com vários elementos que me são comuns”, destaca Enrique Diaz falando sobre Daniel MacIvor, de quem pretende montar outras duas peças. “Eu me reconheci muito no texto, numa história que é contada dentro de outra história, e os personagens dessas duas camadas, embora por um outro momento tenham trajetórias independentes, acabam entrelaçados. Outro ponto que destaca é o fato de ser uma peça de produção muito simples, fiquei com aquilo na cabeça por 6, 7 anos”, comenta sobre ´Cine Monstro versão 1.0´, que agora finalmente chega aos palcos.


Foto divulgação/ Festival de Curitiba
A trama
‘Cine Monstro’ começa na escuridão de uma sala de cinema. Depois de uma longa espera, alguém na plateia pede silêncio à pessoa sentada a seu lado e tem início o espetáculo. Em cena, o ator se transforma em diversos personagens cujas vidas se revelam curiosamente relacionadas. Na verdade, ele é uma espécie de mestre de cerimônias que apresenta e vive cada personagem: um adolescente que conta a história de um vizinho que trancou o pai num porão; o casal que vive de brigar e  fazer as pazes, que decide se casar depois de ver um filme sobre um rapaz que tranca o pai no porão; o ex-junkie que sonhou um filme inteiro, mas não ganhou crédito porque disseram que ele havia roubado a ideia de um famoso filme inacabado, e o cineasta que fez um filme pela metade, interrompendo as filmagens porque achou que era violento demais…




Cenografia e figurinos
Cine Monstro tem uma cenografia com estrutura de instalação. Uma área livre cerceada por três grandes tapadeiras brancas, que servem de suporte para as projeções ao longo do espetáculo. Segundo Henrique trata-se de uma estrutura cinematográfica, rígida e extremamente bem cuidada na sua edição, que segue como uma dramaturgia de imagens - são parte do cotidiano feito de coisas extremamente prosaicas. Estas projeções, ora desfocadas ou com vídeos que retratam parte de uma casa simples, a partir do foco na maçaneta de uma porta, sugere espaços habitados ou imaginados pelos personagens que transitam pelo solo. Destaque para o vídeo de uma estrada a noite por onde Théo, um outro personagem, dirige acompanhado pela namorada, numa conversa intensa a respeito da ovulação da moça e seu desejo de ser mãe. Também potente, é a edição do vídeo na história maluca de um dependente químico onde Gary Oldman, Uma Thurman, Pamela Anderson e um anão são protagonistas de uma vigem maluca que passa por uma longa avenida, entre peixes e chegam numa praia paradisíaca. 

foto Lenise Pinheiro

Um triciclo também é parte da cenografia enxuta, que é utilizado na cena inicial e no final do espetáculo. Há na postura do personagem/ ator algo que sugere uma passagem pela infância, mas que não se enfatiza. Fica uma sugestão de passeio, talvez o trânsito pelo estar em cena, a brincadeira, o jogo e a manipulação da estrutura teatral.
Já o figurino: calça, camiseta preta e o par de tênis all star vermelho, são peças que funcionam bem dentro da montagem construída por Diaz. Cabe ao público, que figura como cúmplice dos respectivos personagens que aparecem ao longo da montagem, criá-los e paramentá-los.

‘Cine Monstro versão 1.0’ é uma co-produção do Festival de Curitiba e Instituto Cultural Itaú.
CINE MONSTRO VERSÃO 1.0
QUANDO hoje,28/3  às 21h
ONDE Teatro Guairinha - Rua 15 de Novembro, 971, Curitiba, tel. (41) 3304-7999
QUANTO R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

JC Serroni em editorial sobre decor inspirado em obras teatrais e ópera

Sob a batuta do mestre da cenografia J. C. Serroni, Casa Vogue produziu para sua edição 320 um ensaio fotográfico que leva a magia do teatro para o universo da decoração de interiores. São ambientações que convidam o leitor a imaginar espaços residenciais como verdadeiros cenários de peças e óperas como A Flauta Mágica , de Mozart, Dias Felizes , de Samuel Beckett, Senhora Macbeth , adaptação de Griselda Gambaro para Macbeth de Shakespeare, e a brasileiríssima Toda Nudez Será Castigada , de Nelson Rodrigues. Toda Nudez Será Castigada , de Nelson Rodrigues. A Flauta Mágica , de Mozart Dias Felizes , de Samuel Beckett Senhora Macbeth , adaptação de Griselda Gambaro para Macbeth de Shakespeare Na página da Casa Vogue é possível conferir o vídeo com o making of da sessão de fotos: http://casavogue.globo.com/interiores/video-teatro/

BARAFONDA - Cia. São Jorge de Variedades

Estive na tarde de sexta-feira, dia 4/6 acompanhando a Cia. São Jorge de Variedades pelas ruas do bairro da  "BARAFONDA", alias, Barra Funda - o primeiro é o nome da nova montagem da  premiada companhia. Com duração de 4 horas e com um trajeto de quase dois quilômetros, que confesso, não se percebe, o espetáculo tem início na Praça Marechal Deodoro, depois segue pela Rua Lopes de Oliveira, atravessa a linha do trem por uma passarela e termina na Praça Nicolau de Morais Barros. São 25 atores e 4 músicos em cena, 150 figurinos e dois pequenos carros alegóricos. Em 2010, entrevistei o coletivo de arte CASA DA LAPA , que novamente assina a direção de arte desse novo trabalho. Um grupo afinado com a pesquisa da cia. e que neste novo projeto parece traduzir ainda mais as aspirações estéticas da São Jorge. Materiais que são descartados pela cidade, aparecem em diversos adereços ou complementando  parte da cenografia que tem a cidade em plena atividade como p

Eiko Ishioka

Faz um tempo que estou ensaiando para criar um post a respeito de Eiko Ishioka , premiada figurinista, designer gráfica e artista multimídia, que morreu em janeiro deste ano vítima de um câncer no pâncreas aos 73 anos. Mais conhecida por seus figurinos ousados e surreais, atrelados à produções de fantasia e sinônimos de visuais arrebatadores, Eiko foi vencedora de um Oscar por “Drácula de Bram Stoker” (1992). Nascida em Tóquio em 12 de julho de 1938, ela sempre foi encorajada artisticamente por seu pai, um designer gráfico, que apesar do apoio também a alertou que seria mais fácil ser bem-sucedida em outra área que não a artística – felizmente, estava errado. Eiko se formou em 1961 na Universidade Nacional de Belas Artes de Tóquio e juntou-se à divisão de propaganda da gigante dos cosméticos Shiseido. Em 1973, recebeu o convite para desenvolver seu primeiro comercial – para a Parco, uma rede de complexos de butiques. A peça trazia uma mulher negra alta de biquini preto, dança