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Les Enfants du Paradis

webc4230Paris, 1830. Num bairro agitado pelo teatro e pela boemia, a atriz Garance é disputada por vários homens. Entre eles, o ator Lemaitre e o mímico Baptiste, que a conhece após salvá-la de uma situação embaraçosa com a polícia, numa das cenas mais memoráveis do filme.

A história dos três se complica com o passar dos anos, formando uma verdadeira cadeia de amores impossíveis. Enquanto isso, o público lota as casas de espetáculo para ver as peças de lemaitre e Baptiste, que se tornam grandes nomes do teatro dramático e da pantomima, respectivamente.

Com técnica refinada, mas sem exibicionismo gratuito, Marcel Carné, o diretor, faz um detalhado retrato histórico das artes cênicas na França da primeira metade do século 19, quando saem de cena as tragédias classicistas e proliferam-se os espetáculos populares que requerem mais atrativos visuais, mais ação, melodrama, ilusão, mais reviravoltas e conteúdos sentimentais nas tramas, em substituição às normas estáticas da encenação clássica. O filme é um tributo ao “teatro boulevard” oitocentista, do qual o cinema seria um herdeiro próspero.

Carné, também adiou ao máximo o tempo da pós-produção, para que a estréia ocorresse em 1945 e seu filme fosse o primeiro do pós-guerra, mas o lançamento ocorreu um ano antes do final da II Guerra Mundial, em 1944. O filme foi o último grande sucesso do diretor, que se tornou famoso por ter criado, em parceria com Jacques Prévert, o chamado realismo poético no cinema. Curiosidade: em meio a escassez da época, todos tiveram de colaborar com a confecção dos cenários, trazendo peças de família e roupas autênticas.

 

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